Após sanção a Moraes, governo Lula vê tentativa do governo Trump de 'escalar' tensão e não negociar tarifas
- 30/07/2025

EUA sancionam Moraes com lei Magnitsky Integrantes do Palácio do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) avaliam que o governo de Donald Trump decidiu "escalar" a tensão entre Estados Unidos e o Brasil ao sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação sobre a sanção a Moraes foi publicada na página oficial do Departamento do Tesouro americano, sem detalhamento. A medida tem como base a Lei Magnisky, utilizada para punir estrangeiros. Assim que foi confirmada a sanção, o governo brasileiro começou reuniões para discutir as implicações da medida e traçar estratégias para lidar com a questão. Assessores próximos ao presidente Lula e diplomatas ouvidos pela TV Globo e pela GloboNews avaliam que a medida apenas reforça a postura de confronto dos Estados Unidos, indicando uma falta de disposição para negociar. O governo brasileiro, neste momento, adota uma postura de cautela. A expectativa é que, ao longo da tarde, novas sanções ou informações vindas dos americanos possam surgir. Por isso, a ordem é aguardar um panorama completo da situação antes de definir um posicionamento oficial e as medidas de reação. Haddad diz que negociações com EUA continuarão mesmo após início do tarifaço A decisão do governo Trump de sancionar Moraes acontece no momento em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem tentando negociar com autoridades americanas a tarifa de 50% anunciada pela Casa Branca sobre produtos brasileiros vendidos no mercado local. Nos últimos dias, autoridades como o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda) se colocaram à disposição para conversar com integrantes do governo Trump. No entanto, diante do anúncio da sanção a Moraes, a avaliação de diplomatas passou a ser a de que "claramente" a ideia do governo Trump é "escalar" a tensão. "A Lei Magnitsky é um gatilho importante, o recado fica claro: impunidade para Bolsonaro ou nada", afirmou um diplomata, sob reserva. Quando anunciou a tarifa de 50%, Trump mencionou numa carta endereçada ao presidente Lula a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa. Para Trump, há uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro, e o processo relacionado ao ex-presidente no STF deve acabar "imediatamente". A decisão de Trump de misturar questões comerciais e políticas incomodou o governo Lula, que viu uma tentativa de interferência americana na soberania brasileira. O presidente americano Donald Trump Evelyn Hockstein/Reuters Questões políticas dominam decisões Nesse contexto, integrantes do Palácio do Planalto avaliaram que o sinal da Casa Branca é de que "o tarifaço vem mesmo", pois não adianta negociar as questões comerciais "uma vez que a questão política está dominando as decisões do governo americano". Além disso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que viajou para Nova York para participar de uma reunião na ONU sobre a Palestina — e fez chegar a autoridades americanas o desejo de ir a Washington negociar as tarifas —, deve voltar ao Brasil sem ter sido chamado à capital americana por emissário direto de Trump. Consultados, integrantes do governo brasileiro reforçam que o Palácio do Planalto não vai agir junto ao STF para tentar livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro para evitar a imposição das tarifas ou a sanção a Alexandre de Moraes. O próprio presidente Lula já disse que aceita discutir as tarifas com o governo americano, mas que rejeita qualquer negociação que envolva questões políticas internas. O petista entende que isso é uma questão que fere a soberania nacional.
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